
Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) revelaram que 71% das queimadas em propriedades rurais na Amazônia, no período de janeiro a junho de 2020, foram causadas pela agropecuária.
O fogo é usado para limpar o terreno recém-desmatado para que a área seja usada na criação de bois explorados para consumo ou no plantio de vegetais – em sua maioria esmagadora, grãos utilizados na alimentação desses animais, como a soja.
Um relatório sobre o levantamento foi elaborado com base na plataforma Modis, da Nasa. De acordo com os números, 24% foram incêndios florestais e 5% são desmatamentos recentes.
As queimadas para manejo agropecuário são as mais comuns na Amazônia e são usadas para limpar o terreno desmatado. Há, no entanto, outros tipos. São eles: os incêndios florestais, que atingem a floresta em pé ou a vegetação nativa não-florestal e normalmente surgem a partir de outros tipos de queimada, como desmatamento e manejo agropecuário; e o desmatamento recente, que se caracteriza pela queima de árvores derrubadas após desmate.
Metade dos focos de calor identificados no primeiro semestre ocorreram em propriedades rurais de médio e grande porte, onde o manejo agropecuário predominou.
“Esses números demonstram como o fogo é ainda amplamente utilizado no manejo de pastos e áreas agrícolas, independentemente do tamanho do imóvel, do lote e do negócio, e a despeito da existência de técnicas mais modernas que o substituem”, diz o relatório.
O levantamento apontou ainda queimadas detectadas de 2016 a 2019, sendo 22% em áreas recém-desmatadas e 42% em locais convertidos para uso agropecuário. Outros 36% foram causadas por incêndios florestais.
“Em 2019, o fogo na Amazônia se distribuiu de forma relativamente equilibrada entre os três tipos mais comuns. As queimadas associadas ao manejo agropecuário e o fogo ligado ao desmatamento recente responderam por 36% e 34%, respectivamente, enquanto os incêndios florestais responderam por 30% dos registros”, explicou o Ipam.
A Amazônia, no entanto, não é o único bioma a sofrer as consequências do fogo. No Pantanal, 1.684 focos de incêndio foram identificados em julho – o que garantiu um recorde negativo durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (que já soma diversos recordes de devastação ambiental): o mês registrou o maior número de queimadas desde o início das medições do Inpe, em 1998.