De cada 10 pássaros silvestres capturados por traficantes no estado de Mato Grosso do Sul, apenas um sobrevive. É o que expõe uma alarmante estatística da Polícia Militar Ambiental (PMA).
“Os animais são capturados com crueldade, muitas vezes retirados dos ninhos com uma semana de nascimento e sem nenhuma penugem”, explicou o tenente-coronel Ednilson Paulino Queiroz. As informações são do portal G1.

As últimas aves a entrar para a estatística da PMA foram três filhotes de papagaio que, apesar de terem sido resgatados e levados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, não resistiram e morreram. Os médicos veterinários não conseguiram superar o grande período de fome e sede que esses animais enfrentaram devido à ação dos traficantes.
A alimentação feita de forma inadequada e as condições precárias a que as aves são submetidas colaboram para o aumento do índice de mortalidade. “Os pássaros quando são alimentados pelos criminosos, comem uma papa a base de milho e água feita sem nenhum cuidado. O alimento pode estar contaminado e é oferecido de uma forma que os bichinhos engasgam ou rejeitam a comida”, afirmou o tenente.
O problema, no entanto, é ainda maior. Isso porque os animais são submetidos a um transporte repleto de sofrimento que também os leva à morte. Para diminuir o barulho feito pelas aves, os traficantes costumam colocá-las em caixas vedadas e, em viagens longas, os pássaros chegam a ser sedados – a forte medicação também é responsável por matar muitos deles.
Em apenas dois resgates feitos recentemente pela polícia foram contabilizados mais de 100 filhotes de papagaios. As aves estavam aprisionadas em caixas de papelão e em um balde quando foram encontradas.
O tráfico de animais é crime ambiental passível de detenção de três meses a um ano e multa, assim como a prática de maus-tratos.

Papagaio: principal vítima do tráfico
O papagaio é o principal alvo do tráfico de animais silvestres. O fato da espécie conseguir reproduzir a voz humana faz com que parte da população se interesse por tê-lo em casa, ignorando a necessidade do animal de viver em liberdade, no habitat, e desrespeitando-o enquanto sujeito de direito.
De acordo com a Polícia Ambiental, os traficantes agem entre agosto e dezembro, época de reprodução do papagaio. Os criminosos aliciam pessoas em fazendas do interior do estado por R$ 50 o filhote.
Retirados do ninho com idade entre uma e três semanas, os papagaios são confinados em caixas e transportados em péssimas condições. Normalmente, eles ficam nas casas dos traficantes, muitas vezes, sem nenhum tipo de alimentação e são traficados para compradores de outros estados do país.
São Paulo é o principal destino dos papagaios de Mato Grosso do Sul, segundo o tenente-coronel da PMA, Ednilson Paulino Queiroz. Investigações indicam que as aves são traficadas rapidamente por valores que variam entre R$500 e R$ 600.