A extinção dos queixadas colocaria não só fim à espécie, como ameaçaria a existência de outros animais e causaria desequilíbrio ambiental
O território dos queixadas, um tipo de porco selvagem, está ameaçado, assim como a espécie. Segundo um estudo publicado no periódico Biological Conservation, o habitat desses animais no México e na América Central diminuiu em até 90%.

“É chocante a rapidez com que essa população está declinando”, disse Harald Beck, chefe do grupo de especialistas em queixadas da União Internacional para Conservação da Natureza, organização sem fins lucrativos. As informações são do jornal The New York Times.
Apesar de não ter integrado a equipe de pesquisadores que realizou o novo estudo, Beck conduziu uma pesquisa em 2012 que revelou, na época, uma redução de habitat de 21%.
O número de queixadas sobreviventes, no entanto, é um mistério. Vulneráveis à ação humana, eles precisam de extensa faixa territorial para viver. De acordo com Rony García-Anleu, pesquisador da Guatemala que participou do estudo, a exploração de terras, que antes eram reflorestadas, para criar bois e plantar óleo de palma e cana-de-açúcar limitou o habitat desses porcos.
A espécie também sofre com a caça. Os animais são mortos para que sua carne seja comercializada para consumo humano. E ao menos que a caça e o desmatamento sejam freados, acontecerá uma degradação substancial nas florestas que ainda restam entre México e Panamá.
Mas não são apenas os queixadas que correm risco. Isso porque esses porcos criam depressões no solo, que se achem de água, para que tomem banhos de lama. Sem que façam isso, espécies de sapos que vivem nesses locais criados pelos porcos podem morrer.
Beck lembrou ainda que os queixadas estão entre os únicos animais com mandíbula forte o suficiente para comer a maior parte das espécies de palmeiras, impedindo um crescimento descontrolado. Eles também dispersam sementes e são essenciais para a cadeia alimentar da floresta.
O porco selvagem é a espécie mais forte a habitar as cinco grandes florestas remanescentes da Mesoamérica: as florestas maias no México, Guatemala e Belize; a Mosquitia na Nicarágua e Honduras; a Indio Maíz-Tortuguero na Nicarágua e Costa Rica; a região de Talamanca na Costa Rica e Panamá; e a Darién no Panamá e Colômbia.
“Estamos no momento preciso para impedir tudo isso, porque sabemos que eles estão em perigo e ainda temos essas cinco grandes florestas”, concluiu García-Anleu.