Por Sophia Portes | Redação ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais)

O julgamento da ativista pelos direitos animais Anita Krajnc trouxe à tona uma séria discussão: a “necessidade” de matar animais para o consumo desenfreado e como a ética deveria guiar a relação humana com os animais.
Um artigo da advogada e Diretora de Defesa dos Animais de Criação da ONG Animal Justice, Anna Pippus, publicado no The Globe and Mail, analisa o decisão do juiz David Harris que julgou Anita como inocente por ter dado água para porcos transportados dentro de um caminhão, sem ventilação, até um matadouro em Ontário, no Canadá. A atitude de Anita foi um ato de compaixão pelas vidas daqueles animais condenados à morte.
Mas para Pippus, a absolvição de Krajnc foi dada “somente pela razão técnica de que dar água aos porcos não constituía uma interferência”. Quando o caminhão voltou a andar quando o sinal abriu, os porcos foram levados para morrer em prol da consumo humano. “Os negócios continuaram como de costume”, analisa.
Apesar da decisão, os animais continuam sendo vistos como propriedade, sendo levados em caminhões inadequados para que os seres humanos continuem consumindo infinitas quantidades de carne. Ou seja, “a decisão judicial determinou que os porcos estavam sendo tratados de acordo com a lei”, critica a advogada. Como se o fato de levar animais em um dia quente de verão, sem proporcionar quaisquer cuidados, não houvesse violado as leis de proteção animal.
Durante muito tempo os animais foram vistos somente como propriedade dos seres humanos. Mas para Pippus, isso está mudando. “As leis e sua aplicação tipicamente seguem as normas sociais, e não o contrário. Agora, estamos começando a entender que a sensibilidade importa e que bacon saboroso, barato não é uma razão boa o suficiente para se afastar do sofrimento animal. Estamos começando a entender que o cultivo de animais passa a ser um assunto sério para consideração ética. Nossas leis são excelentes quando se trata de proteger os direitos dos ‘proprietários’. Protegendo os animais, não tanto”, diz Pippus.
Ela afirma que o julgamento de Krajnc pode ser um catalisador para que mudanças maiores aconteçam. Este fato trouxe enfoque a diversas discussões como a exploração em prol do consumo desenfreado de carne animal, o transporte inadequado e até mesmo a questão ética de como vemos os animais.
“A próxima vez que alguém oferecer água aos porcos ofegantes, vamos esperar que os promotores persigam os responsáveis por fazer com que esses porcos sofram em primeiro lugar”, finaliza a advogada e defensora dos direitos animais.