Andar de skate, apresentar espetáculos de dança, se equilibrar em cima de uma bola, enfim, fazer qualquer tipo de atividade para entreter espectadores de um circo não são, definitivamente, comportamentos que espelham reações naturais de ursos.

Mesmo assim, os animais são mantidos em cativeiro e obrigados a apresentar diversos números, sob treinamentos abusivos e torturas. Todo esse processo deveria causar repúdio nas pessoas, e ser considerado inaceitável.
O que não deveria chocar o público é exatamente o que causa mais espanto: quando os animais seguem seu instinto natural e atacam (na realidade, se vingam de) seus agressores – como aconteceu no início deste mês.
Um vídeo compartilhado na internet mostra imagens de um urso explorado em um espetáculo de circo na Rússia, próximo à cidade de Volgogrado. No início da gravação, ele desce uma rampa em cima de um skate e, ao que ele se preparava para o próximo ato, consegue se soltar da corrente que o prendia, e tenta fugir.
Atenção! O vídeo a seguir possui imagens fortes:
Os treinadores do animal automaticamente começam a agredi-lo, usando varetas e outros materiais rígidos, na tentativa de controlá-lo. Tudo em vão. O urso revida, mordendo e batendo na pessoa mais próxima a ele.
Eventualmente, o treinador consegue se libertar e foge para trás do palco e o urso, cabisbaixo e nitidamente desconfortável, acaba cedendo ao ataques violentos e para de se rebelar.
Durante o momento em que o animal se liberta, é possível ouvir as pessoas ao redor gritando, muito assustadas – reação muito diferente da que era percebida enquanto o pobre urso performava acrobacias esdrúxulas, completamente antinaturais e sem qualquer sentido para ele.

Casos como esse são mais uma comprovação de que o lugar de animais não é em estabelecimentos destinados ao entretenimento público. É uma prática invasiva, hostil a eles – que são vítimas de maus-tratos e enfrentam as consequências psicológicas do enclausuramento. E é também muito perigoso para quem está presente.
O urso agredido não fazia ideia do que estava acontecendo no local, apenas seguia seu instinto de autopreservação, e queria se livrar das algemas e das agressões. A plateia não tinha qualquer tipo de proteção do palco.
Não é a primeira e nem será a última vez que uma situação como essa acontece durante uma apresentação circense envolvendo animais selvagens que são explorados e agredidos na frente da plateia.
You’ll never visit a circus with animals again after watching this. pic.twitter.com/4M8le9XAaS
— PETA (@peta) 1 de julho de 2017
Com a repercussão do caso – que estampou jornais de diversas nacionalidades – a organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), em conjunto com outros projetos e grupos, começaram campanhas para acabar com a exploração de animais em circos na Rússia.
O intuito é, mais do que banir as apresentações, conscientizar as pessoas sobre o porquê da medida ser tomada. E isso já tem surtido efeito em muitos locais do mundo: Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus foram fechados depois de 146 anos, Cole Bros. Circus não fazem mais apresentações, e os circos Kelly Miller e Ramos Bros. acabaram com os espetáculos que envolviam animais selvagens.