
O fogo que está devastando o Pantanal há três meses chegou à Estação Ecológica de Taiamã, uma das poucas áreas que ainda não tinham sido destruídas pelas chamas. A reserva, situada em Mato Grosso, teve as bordas norte e sul de seu território atingidas pelos incêndios.
Este ano, o Pantanal foi vítima de queimadas sem precedentes. Em níveis muito superiores do que os registrados nos anos anteriores, os incêndios florestais estão ferindo e matando milhares de animais, além de deixá-los sem água e alimento. Quase 3 milhões de hectares já foram consumidos pelas chamas.
A chegada do fogo à Estação Ecológica de Taiamã preocupa o engenheiro florestal Vinicius Silgueiro, do Instituto Centro de Vida (ICV), que aponta o risco para a riqueza natural do local.
“É uma região única do ponto de vista de biodiversidade, de riqueza, representa muito a riqueza que é o bioma Pantanal e ela vem sendo ameaçada pelo fogo já algumas semanas e nos últimos dias uma frente de fogo que chegou pela divisa sul da estação ecológica entrou nessa unidade de conservação e está ativa, segundo informações que temos do satélites que fazem esse monitoramento”, disse ao G1.
O nome da estação é uma homenagem a um pássaro nativo da região, o Taiamã. Criada em 1981, a reserva tem 11,5 mil hectares e abriga um berçário de peixes e um refúgio de répteis, como os jacarés, e mamíferos – dentre eles, a onça-pintada, que é especialmente ameaçada pelo fogo.
Além de já integrarem a lista de animais que correm risco de extinção, as onças-pintadas são vítimas das queimadas em vários pontos do Pantanal. Além da Estação Ecológica, o Parque Estadual Encontro das Águas, conhecido por ser o maior refúgio de onças-pintadas do mundo, teve 85% de seu território destruído pelas queimadas.
Brigadistas do ICMBio lutam há dias para combater o fogo e impedir que as chamas avancem para o interior da Estação Ecológica, que já está desprotegida por conta do período de seca. Os rios e lagoas da Taiamã são abastecidos pelo Rio Paraguai, que enfrenta a pior estiagem dos últimos 50 anos.
Não chove há 140 dias na maior parte do Pantanal de Mato Grosso e não há qualquer previsão de chuva até o próximo sábado (3), segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além disso, boa parte dos focos de incêndio ocorrem em regiões de mata fechada, o que dificulta a ação dos brigadistas.
E se por um lado o trabalho de combate às chamas é insuficiente, por outro a propagação é intensa, especialmente por conta do acúmulo de folhas secas. A previsão de temperaturas que ultrapassam os 40ºC e a umidade baixa também favorecem os incêndios.
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