Por Eduardo Pacheco

A chamada provocativa é de um artigo publicado no aeon.co. O artigo explicita os rumos das discussões em ética envolvendo animais não humanos e sua faceta que legitima a instrumentalização, a bioética. Trata da hipótese de considerar direitos a quimeras de humanos e porcos usadas em fazenda de órgãos para transplantes em humanos.
Não há o menor sentido em se falar em direitos às quimeras; não é o “gene humano” que confere as características que protegemos moralmente.
Se assim fosse, gêmeos idênticos estariam moralmente vinculados ( no sentido de que os deveres e direitos de um seriam os do outro). Não há essa relação gene-direito ou gene-moral.
No mesmo sentido seria proibido fazer qualquer cirurgia de retirada de tecidos ( retirada de um tumor , amputações, etc) já que o material biológico retirado é humano ( no sentido de origem biológica). Não há qualquer vedação desse tipo na nossa sociedade: até procedimentos estéticos descartam material biológico humano.
O que caracteriza o que protegemos quando falamos em humanidade são elementos que protegemos moralmente como a identidade, a individualidade, a capacidade de sentir, de sofrer, de estabelecer laços.
Cabe argumentar que essas mesmas características estão presentes nos animais ( vertebrados e em alguns invertebrados).
Assim sendo, não há qualquer sentido em se falar em direito para quimeras e sim direitos para V animais. Nesse sentido, as próprias quimeras são violações dos direitos animais uma vez que pressupõem uma instrumentalização de seres sensíveis , agentes e conscientes para os fins de outros seres sensíveis, agentes e conscientes.
Se a bioética não trata isso então é aberrante colocar o termo “ética” ali no meio. Chamem de bioinstrumentalização, biolimitação, bio-o-que-quiserem. Não ética.
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